2º Semana de Visibilidade da profissional do Sexo!

"Toda pessoa tem direito a trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho”.(art.23 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

Na maior parte das grandes cidades brasileiras, as prefeituras vêem promovendo uma perseguição a esta categoria de trabalhadoras e trabalhadores que atuam nos centros das cidades, em nome de uma política de “limpeza” urbana. Essa limpeza significa retirar, da região central da cidade, grupos de profissionais excluídos do mercado formal de trabalho - como camelos e profissionais do sexo – e transferi-los para áreas de confinamento nas periferias da cidade, mascarando assim os graves problemas sociais existentes na nossa sociedade.
Em Campinas não é diferente e no caso das profissionais do sexo, essa política incide constantemente sobre as mulheres que trabalham na área central, seja sob a forma de violência policial, preconceito social e tentativa de fechar os hotéis onde trabalham. Há alguns anos foi feita uma manifestação contra a tentativa da prefeitura, de fechar os hotéis do centro da cidade. Mobilização essa que deixou mais claro para o movimento das mulheres profissionais do sexo de Campinas que a cidadania só é possível a partir da reconstrução e reivindicação de seus direitos por melhores condições de trabalho, além de pedir o fim de toda e qualquer forma de repressão e violência.
Por inúmeros motivos que atualmente o número de reivindicações em favor de condições mais humanas de trabalho está em alta entre as garotas de programa, aos poucos estão deixando a escuridão e assumindo com muita dignidade, sua profissão.
Segundo Marina que trabalha há aproximadamente quatro anos no ramo, e atua no Jardim Itatinga de terças a sábados, confirma que sofreu muito com o preconceito no começo da profissão, afirma que já chegou a ser apontada nas ruas, e que sentia muita vergonha do trabalha que exercia, mas que aos poucos foi se conscientizando que ninguém tem o direito de julgar, e muito menos de aceitar esse julgamento, nem pelo fato de ser prostituta, nem se fosse catadora de lixo, “Parece que as pessoas já nascem preconceituosas, e destinam a gente a quem deve xingar e a quem deve ouvir, não é só porque sou garota de programa, que sou obrigada a engolir desaforo, não procuro o homem de ninguém eles é que me procuram...”.
Ela acha muito importante essa nova consciência das pessoas, de ambos os lados, essa iniciativa da prefeitura em criar uma semana de visibilidade para as profissionais do sexo, com o intuito de ensinar, educar, e ampliar esse mundo tão difícil, mas que depende muito da maneira com a qual encarar, “Tem todo tipo de gente aqui, das mais lindas (tops), as mais loucas, que tem família, filhos e até emprego, mais na calada da noite vem viver o outro lado, na espera de matar a solidão interna...”.
“Não pretendo morrer nessa profissão, mas seja o que a vida quiser, porque Deus, tenho certeza que não quer, procuro olhar para tudo que já passei e tirar o melhor disso tudo, se que é que existe um lado bom, quero casar, ter filhos e nunca mais voltar para isso aqui.”
O Bairro é movimentado o dia e a noite toda, pelas ruas que andamos notamos muitos olhares curiosos, de todo tipo de gente, é engraçado olhar e pensar “podia ser uma de nós”, mas quem decide quem vai terminar ou começar aonde, não existe uma porta dizendo aqui você passa, e aqui não, é importante repensar as oportunidades, o mundo é repleto delas “ È bom vocês aproveitarem o dinheiro que a mãe de vocês esta gastando, pra que um dia possam devolvê-los, tem gente que nasce com sorte e tem gente que precisa procurar por ela.”- afirma Marina.

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